O destino da Oi Telecomunicações parece estar selado. Para evitar o pior cenário, os analistas do mercado financeiro apontam que a Oi teria uma série de cartas na manga para sair da situação: a troca de comando na empresa, a venda de ativos e esperar pela aprovação do novo marco regulatório das telecomunicações. Tudo isso, parece ser mais um "sonho de verão" dos acionistas da empresa.
A saída do CEO, Eurico Teles, é pedida pela gestora de investimentos GoldenTree Asset Management, maior acionista da Oi, com 14,57% de participação. Vamos lembrar que a GoldenTree, antes da adesão ao Plano de Recuperação Judicial da Oi, era detentora de "ativos podres" decorrentes do empréstimo tomado pela Oi em 2013. Jocosamente, a esse tipo de gestora de investimentos, se dá a denominação de "fundos abutres". O mercado financeiro sabe exatamente o objetivo desse tipo de gestora de investimentos. A primeira e única preocupação dessas gestoras é lucrar com a venda de ativos comprados ao preço de "banana" a um preço razoável, e não tem nenhuma preocupação com o futuro da empresa, no caso a Oi.
Enquanto os acionistas, entre elas a GoldonTree, brigam pelo controle na gestão da empresa, a Oi Telecomunicações vem perdendo a participação no mercado brasileiro. Na banda larga, a participação que era de 20,4% em 2018, caiu para 18,2% no final do primeiro semestre de 2019, segundo a Anatel. Mesmo no seu segmento mais tradicional, a telefonia fixa, onde a Oi está presente em 26 das 27 unidades da federação, vem perdendo força. A participação da Oi neste segmento está nos mínimos históricos: 31,3%, conforme números da Anatel.
O imbróglio aconteceu com a própria declaração da Oi Telecomunicações à Anatel, que veio à tona na grande imprensa, de que o "dinheiro em caixa poderia acabar em fevereiro do próximo ano". Antes, a Oi no seu relatório semestral demonstra a necessidade de "novos recursos" para dar continuidade em novos investimentos, sobretudo na área de fibras óticas. Ainda assim, a Oi na condição de doente na UTI, leia-se "recuperação judicial", sonha em fazer investimentos bilionários na telefonia celular 5G, que a Anatel pretende colocar em leilão no próximo ano, 2020.
Uma das estratégias que a Oi tem é a venda de ativos. A empresa espera obter entre R$ 6,5 bilhões e R$ 7,5 bilhões com a venda de ativos, como torres, "data centers" e uma participação de 25% que tem na Unitel, operadora de telefonia celular em Angola, na África. A outra saída para a Oi é levantar cerca de R$ 2,5 bilhões, com algum banco de investimentos, no curto prazo. O descompasso entre a necessidade imediata de geração de caixa e uma eventual entrada de dinheiro novo, está levando a Oi ao "colapso".
Ossami Sakamori