sexta-feira, 23 de agosto de 2019

O futuro da Oi Telecomunicações



O destino da Oi Telecomunicações parece estar selado. Para evitar o pior cenário, os analistas do mercado financeiro apontam que a Oi teria uma série de cartas na manga para sair da situação:  a troca de comando na empresa, a venda de ativos e esperar pela aprovação do novo marco regulatório das telecomunicações.  Tudo isso, parece ser mais um "sonho de verão" dos acionistas da empresa. 

A saída do CEO, Eurico Teles, é pedida pela gestora de investimentos GoldenTree Asset Management, maior acionista da Oi, com 14,57% de participação.  Vamos lembrar que a GoldenTree, antes da adesão ao Plano de Recuperação Judicial da Oi, era detentora de "ativos podres" decorrentes do empréstimo tomado pela Oi em 2013.  Jocosamente, a esse tipo de gestora de investimentos, se dá a denominação de "fundos abutres".  O mercado financeiro sabe exatamente o objetivo desse tipo de gestora de investimentos.  A primeira e única preocupação dessas gestoras é lucrar com a venda de ativos comprados ao preço de "banana" a um preço razoável, e não tem nenhuma preocupação com o futuro da empresa, no caso a Oi.

Enquanto os acionistas, entre elas a GoldonTree, brigam pelo controle na gestão da empresa, a Oi Telecomunicações vem perdendo a participação no mercado brasileiro.  Na banda larga, a participação que era de 20,4% em 2018, caiu para 18,2% no final do primeiro semestre de 2019, segundo a Anatel.  Mesmo no seu segmento mais tradicional, a telefonia fixa, onde a Oi está presente em 26 das 27 unidades da federação, vem perdendo força. A participação da Oi neste segmento está nos mínimos históricos: 31,3%, conforme números da Anatel. 

O imbróglio aconteceu com a própria declaração da Oi Telecomunicações à Anatel, que veio à tona na grande imprensa, de que o "dinheiro em caixa poderia acabar em fevereiro do próximo ano".  Antes, a Oi no seu relatório semestral demonstra a necessidade de "novos recursos" para dar continuidade em novos investimentos, sobretudo na área de fibras óticas.  Ainda assim, a Oi na condição de doente na UTI, leia-se "recuperação judicial", sonha em fazer investimentos bilionários na telefonia celular 5G, que a Anatel pretende colocar em leilão no próximo ano, 2020.   

Uma das estratégias que a Oi tem é a venda de ativos.  A empresa espera obter entre R$ 6,5 bilhões e R$ 7,5 bilhões com a venda de ativos, como torres, "data centers" e uma participação de 25% que tem na Unitel, operadora de telefonia celular em Angola, na África.  A outra saída para a Oi é levantar cerca de R$ 2,5 bilhões, com algum banco de investimentos, no curto prazo.   O descompasso entre a necessidade imediata de geração de caixa e uma eventual entrada de dinheiro novo, está levando a Oi ao "colapso"

Ossami Sakamori

Um comentário:

  1. A relação nominal dos acionistas poderia nos dizer se nela constam parentes do ex-presidente.
    Poderíamos tê-la aqui, num dos seus próximos artigos.

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